No cenário econômico atual, a elevação da taxa básica de
juros (Selic) pelo Banco Central no início de dezembro do ano passado, gerou aumento
na taxa de juros em todas as modalidades de crédito, aumento da inflação e, principalmente, o baixo crescimento econômico do País.
Com tudo isso, o risco do crescimento no número de
consumidores inadimplentes também deve aumentar. Diante da situação, todo
cuidado e atenção deve ser especialmente dado no trato com o dinheiro, pois uma
contratação sem os devidos cuidados pode se agravar diante de um cenário
econômico negativo pelo qual o Brasil está passando.
A taxa de juros média, cobrada dos usuários do cartão de crédito quando deixa
de quitar integralmente sua fatura, ou que não paga na respectiva data do
vencimento, os chamados juros do rotativo, estão atualmente em 258,26% ao
ano (11,22% ao mês), segundo pesquisa da Associação Nacional dos
Executivos de Finanças (Anefac). É a maior taxa desde julho de 1999 quando esta
era de 11,74% ao mês.
O cartão de crédito é o principal vilão para levar o consumidor à situação de
endividado, principalmente quando seu uso é feito sem nenhum tipo de
planejamento, pois é uma modalidade de crédito fácil de utilizar.
Para ilustrar e alertar os consumidores que utilizam o cartão de crédito sem
nenhum planejamento, o Procon Goiás fez uma pequena simulação:
Uma fatura no valor de R$ 500,00, mesmo que não tenha sido mais utilizado o
cartão para nenhum gasto, o não pagamento integral em apenas 03 (três) meses,
pode fazer com que essa dívida chegue nesse curto espaço de tempo a R$ 745,06,
uma elevação de 49,01%.
Considerando essa simulação, percebemos que a dívida pode dobrar em apenas 6
(seis) meses. E mesmo que nesse mesmo exemplo, o consumidor pague o valor
mínimo da fatura, correspondente a 10% do valor da fatura, correspondente a R$
104,23, ainda estará devendo o equivalente a R$ 543,15, bem acima do valor da
dívida original.
Cartão não é apenas vilão
Se bem utilizado, pode ser um grande aliado, pois o consumidor pode centralizar
os gastos durante o mês em uma só conta, facilitando o controle das
finanças. Também pode facilitar a compra de um bem mais caro, com o
parcelamento de forma controlada e após prévia análise de orçamento, de forma
que o valor da fatura não irá comprometer o orçamento doméstico da família, com
o pagamento integral e pontual.
A principal dica é se programar, utilizando a velha e conhecida planilha de
custos, verificando quanto poderá ser utilizado com o cartão de forma a não
comprometer o pagamento das outras despesas;
Essa planilha de custos pode ser feita utilizando um pedaço de papel e uma
caneta, não esquecendo de colocar todas as despesas, seja fixas como água,
energia, condomínio, aluguel, etc, e as ocasionais como cinema, lanches, etc.
Colocar a família a par da situação econômica é uma boa dica pois pode
contribuir no controle dos gastos.
Evite fazer saques com o cartão sem necessidade, pois independente do valor, há
também a cobrança de um valor fixo para o saque. Já foi visto pelo Procon
Goiás, por meio de faturas de consumidores que solicitaram cálculo, saques no
valor de R$ 10,00 e taxa de saque no valor de R$ 5,00.
Se a anuidade está pesada, tente negociar junto à administradora do cartão,
eles não são obrigados a reduzi-las, mas normalmente, dependendo do
relacionamento do cliente, o mesmo pode obter êxito.
A última dica é: pague integralmente a fatura e na respectiva data do
vencimento, pois além dos juros moratórios de 1% ao mês e multa única de 2%, há
também a cobrança dos juros remuneratórios (os chamados rotativos) que em média
está em 11,22% ao mês.
Busque auxílio rápido!
Consumidores que estão na situação de inadimplência devem procurar ajuda o
quanto antes. Pode parecer radical, mas o ideal é cancelar o cartão. Caso
a administradora do cartão alegue que o cancelamento não pode ser feito por
haver compras com parcelas futuras no cartão, saiba que é um direito do
consumidor e não pode haver a recusa de cancelamento.
Anote o número do protocolo da solicitação e busque ajuda
junto ao Procon Goiás.
Com o cartão cancelado, fica mais fácil tentar um acordo junto à administradora
do cartão.
Existem dois caminhos para o consumidor nesta situação. Primeiro, é solicitar o
cálculo junto ao órgão e de posse dos laudos, tentar um acordo junto à
administradora. Ainda que os índices de sucesso nos acordos por intermédio do
Procon Goiás seja em média mais de 90%, vale ressaltar que tal prática é uma
mera liberalidade da empresa para com o consumidor.
Se por ventura o acordo não surtir efeito e, pelos valores calculados e por
possíveis irrregularidades encontradas no cálculo realizado pelo órgão, o
consumidor poderá propor ação junto ao Poder Judiciário. Neste caso, a taxa de
juros não deve ser o único quesito a ser questionado, mas algum outro abuso
deve ser verificado no contrato como, por exemplo, a não informação prévia ao
consumidor das taxas de juros práticadas e, principalmente, da forma com que
esses juros seriam calculados (capitalizados).
Se o consumidor deseja negociar alguma dívida pode apresentar-se na sede do
Procon Goiás, situada na Rua 08, nº 242, Setor Central, ou em qualquer um dos
postos de atendimento instalados nas agências Vapt Vupt, munido dos
documentos que comprovem a dívida, documentos pessoais e comprovante de
endereço.
Outra opção é solicitar o cálculo no Procon Virtual
disponível no sítio eletrônico: www.webprocon.com.br/goiás,
anexando a documentação exigida. Qualquer dúvida em relação ao assunto pode ser
esclarecida pelo disque denúncia 151 ou pelo telefone 62 3201-7100.