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terça-feira, 20 de outubro de 2015

Bancos têm responsabilidade sobre golpes, dizem especialistas

Agência do banco Santander na Avenida Nossa Senhora de
Fátima onde, em 31 de agosto, foram encontrados um
chupa-cabra e um telefone falso. Foto: Arquivo TODODIA

Os clientes de bancos que são vítimas de golpes como “chupa-cabra” e telefone falso dentro de agências devem ser indenizados integralmente pelos bancos por qualquer prejuízo financeiro. É o que apontam advogados especialistas em direito do consumidor, já que os crimes ocorrem em um ambiente que deveria ser seguro. Entretanto, não existe um levantamento estatístico de quantos casos desse tipo ocorrem no País.

A atuação dos criminosos envolve a instalação de um aparelho conhecido como “chupa-cabra” no caixa eletrônico, que deixa o cartão da vítima preso na máquina. Junto com isso, a quadrilha instala um telefone falso com um número 0800, que pode ser contratado por qualquer pessoa física ou jurídica. A vítima faz a ligação acreditando que está conversando com um funcionário do banco, quando na verdade está passando as informações para os bandidos. Outra “estratégia” são os selos colados nos caixas, que possuem o logotipo do banco e um número falso.

Só entre agosto e setembro deste ano, foram ao menos seis casos registrados na RMC (Região Metropolitana de Campinas). No dia 31 de agosto, foi encontrado um chupa-cabra e um telefone falso dentro de uma agência do Banco Santander em Americana.
Já em 13 de setembro, no HSBC do Centro de Nova Odessa, um homem utilizou um telefone falso instalado na agência e ligou para o número 0800 informado. A vítima passou seus dados e os criminosos fizeram movimentações em sua conta.

Segundo o professor e coordenador do curso de especialização de Direito Consumidor da PUC (Pontifícia Universidade Católica), Frederico da Costa Carvalho Neto, a responsabilidade por esse tipo de crime é totalmente do banco. “O caixa eletrônico é um serviço prestado pelo banco. Qualquer prejuízo que o cliente tenha por algo gerado por defeito na prestação desse serviço tem que ser indenizado. O banco tem que tomar conta do equipamento e garantir que esse tipo de situação não aconteça”, disse.

O advogado especializado em direito consumidor e ex-promotor de Justiça do Ministério Público de São Paulo na defesa de interesses difusos Rodrigo Mesquita Pereira também aponta que qualquer falha no serviço é responsabilidade do banco. “É uma questão de regra do direito do consumidor. É claramente responsabilidade do banco, já que nesses casos há uma falha no sistema de segurança que permite essa situação”, comentou.

Para o professor de direito constitucional da PUC Vidal Serrano Junior, a investigação desses casos precisa ser aprimorada. “Os bancos têm total responsabilidade de indenizar integralmente os consumidores. Há a necessidade de uma investigação mais profunda desses casos, porque eles deixam um rastro, com esses telefones e números falsos. Também é preciso melhorar o sistema de segurança dos bancos”, disse.

Fonte: Todo Dia