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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Panos de chão: uma lição de consumo consciente

* Adriana Rodopoulos
Gostaria de dividir hoje com você uma reflexão que venho fazendo há algum tempo: o que aconteceria com o orçamento de pessoas e famílias, se elas começassem a utilizar a lógica para compra de panos de chão como regra geral para decisões de consumo?
Escolhi os panos de chão porque, como vocês já sabem, meu objeto de estudo é a influência dos fatores emocionais na tomada decisão – e não consigo pensar em nenhum apelo emocional que interfira na decisão de compra deste produto. Ou seja, o que nos motiva a comprar panos de chão são questões puramente práticas, concretas e tangíveis, o que por si só já elimina em grande parte a possibilidade de pensarmos “irracionalmente” sobre o que ganhamos (ou perdemos) quando compramos panos de chão.

Outro fator que me fez escolher os panos de chão é que, você pode até não ser o responsável por essa compra, mas se você mora em qualquer lugar que não seja na rua ou hotel, os panos de chão certamente fazem parte do seu orçamento (ou da sua família). Agora, convido você a dissecar o processo de tomada de decisão que envolve o consumo.



Pensando como agentes econômicos
A economia tradicional diz que as pessoas (os agentes econômicos) tomam suas decisões de compra baseadas no custo de oportunidade, ou trade-offs. Isso quer dizer que, toda vez que vamos efetuar uma compra, nós pensamos em termos de perdas e ganhos.

Um exemplo: se eu decido pagar R$ 3,00 por um café, eu terei R$ 3,00 a menos para gastar em outras coisas. Se eu percebo esse custo de oportunidade como um ganho, eu tomo o café. Se, por outro lado, eu achar que esses mesmos R$ 3,00 podem me trazer muito mais satisfação seu eu empregá-los de outra forma, eu desisto do café.

Resumindo, não se pode ter tudo ao mesmo tempo e por isso os agentes econômicos avaliam racionalmente suas decisões de consumo.
Reflexão: qual foi a última vez que você tomou uma decisão de consumo baseando-se, exclusivamente, no custo de oportunidade? (seja sincero!)

Pensando como seres humanos
A questão é que mesmo em se tratando de um inocente cafezinho, nosso processo de tomada de decisão sobre consumo está muito longe dessa análise que a economia tradicional propõe.

Nosso processo de tomada de decisão é mais ou menos assim:

1. Na fase da percepção:
a) Sinto vontade de tomar um café;
b) Para comprar o café, eu preciso de R$ 3,00.

2. Na fase da avaliação:
c) Tenho R$ 3,00 disponíveis?
d) Sim (note que aqui tanto faz se eu tenho os R$ 3,00 na carteira, ou se eu posso utilizar algum tipo de crédito); ou
e) Não.

3. Na fase da decisão:
f) Se sim, eu tomo o café e satisfaço meu desejo;
g) Se não, eu não tomo o café, mas o desejo continua lá.

Reflexão: quantas vezes você já adiou uma decisão de consumo, mesmo dispondo das condições para concretizá-la?

Nós não pensamos em termos de custo de oportunidade, até porque não dispomos de um aparelho mental capaz de dar conta desse tipo de reflexão a cada decisão de consumo.

Em momento algum nós nos perguntamos o que é que vamos perder se não comprarmos. Pelo contrário, nós nos empenhamos em pensar em meios de satisfazer o desejo, que é o primeiro passo do processo de tomada de decisão.

Reflexão: quantas vezes você já se pegou pensando em encontrar uma forma de viabilizar um desejo de consumo, ao invés de adiá-lo, ou revê-lo? Tudo começa com a falta

Como vimos, o processo de tomada de decisão de consumo se inicia com o desejo e, nossas vontades, anseios e necessidades se originam da falta. Logo, podemos dizer que nosso padrão de consumo é guiado pela falta. Se não sentimos falta, não temos o desejo, se não há o desejo, não nos empenhamos em realizá-lo e nem sentimos a dor de não poder satisfazê-lo.


Preciso comprar panos de chão!
A falta que dá origem a esse desejo é o que chamaremos aqui de falta concreta. Isto é, precisamos comprar panos de chão, ou porque não temos nenhum, ou porque os que temos já não cumprem sua função ou perderam suas características. No bom e velho português, estão esfarrapados e gastos e não limpam mais nada.

Mesmo precisando de panos de chão, as pessoas não saem por aí pagando qualquer preço por eles, mesmo que disponham do dinheiro. As pessoas também não “aproveitam a oportunidade” e acabam comprando três dúzias de panos de chão só porque a promoção estava imperdível.

Ninguém fica chateado, triste ou deprimido por ter subestimado o preço dos panos de chão e ter acabado levando para casa menos panos do que queria. Podemos ficar indignados com os preços dos panos, mas não chateados.

Não conheço ninguém que vá até um supermercado no fim do dia comprar panos de chão para relaxar ou se “sentir melhor”. Assim como não conheço nenhuma criatura que mostre para a “amiga” a coleção novinha de panos de chão que ela acabou de comprar.

Panos de chão não suscitam o consumo emocional e, portanto, nossas decisões de consumo sobre este produto ficam mais racionais e mais baseadas no custo de oportunidade. Viu? Somos capazes! É tudo uma questão de percepção.

* Adriana Spacca Olivares Rodopoulos é economista, sócia-fundadora da Oficina de Escolhas e colunista do Dinheirama.

Se pesquisar, presente do Dia dos Namorados pode sair até 56% mais barato, aponta Procon Goiás

Neste ano, coincidindo com a data da abertura da Copa do Mundo, o que os técnicos do Procon Goiás perceberam, durante a coleta de preços de presentes para o Dia dos Namorados, é que as homenagens aos apaixonados, normalmente com tom avermelhado, estão completamente tomadas pelas cores verde e amarela da seleção brasileira.

Por tradicionalmente ser a terceira melhor data para o comércio, perdendo apenas para o Natal e o Dia das Mães, e consequentemente muitos consumidores vão sair às compras para garantir o presente para a pessoa amada, o órgão procurou adaptar à sua lista de itens pesquisados, produtos relativos ao mundial, como camisetas oficiais da seleção brasileira de diferentes modelos (jogador, torcedor, treinador e de passeio), bem como a bola oficial do Mundial.

Do dia 2 a 4 de junho, foram 17 estabelecimentos visitados, totalizando 38 produtos pesquisados. No entanto, a preocupação em demonstrar ao consumidor, sobre a importância de economizar, fez com que o órgão incluísse em sua lista de presentes, produtos “idênticos”. Em alguns casos, a economia pode chegar a mais da metade do preço.

Foram pesquisados diversos tipos de produtos como eletrônicos (ultrabooks, tablets, smartphones), secador e escova de cabelo, perfumes importados (masculino e feminino), cestas de café da manhã e flores, bem como camisetas oficiais da seleção brasileira e a bola oficial.

Segundo o Procon, 130,22% foi a variação encontrada na camiseta oficial da seleção brasileira (amarela), modelo: torcedor. Os preços variaram entre R$ 99,90 até R$ 229,99 - uma economia que pode chegar a 56,56%. Já a camiseta oficial (amarela), modelo “passeio”, pode custar de R$ 79,90 até R$ 179,90, variação de até 125,16%.

Com relação à bola oficial, não foi verificado nenhuma variação nos preços, sendo o mesmo valor praticado entre os estabelecimentos visitados. No entanto, a título de informação, há também à venda no comércio a bola da seleção (réplica), que custa o equivalente a R$ 79,90 e, quando comparado à oficial, que custa R$ 399,99, a variação chega a 400,50%.

A camiseta oficial da seleção canarinho, modelo jogador, teve variação de 75,08%, sendo vendida ao menor preço de R$ 199,90, podendo chegar a R$ 349,99. Com relação aos eletrônicos, podemos destacar o tablet Sansung Galax Note, tela 10”, Memo 16 Gb, Android 4.1, cuja variação foi de 25,02%, podendo os preços oscilaram entre R$ 1.599,00 e R$ 1.999,00.

OUTROS COMPARATIVOS

Quanto aos preços praticados na venda de smartphones “desbloqueados”, praticamente não há variação de preços. Contudo, se o consumidor não fizer a pesquisa, poderá pagar um valor bem acima da média de mercado pelo mesmo produto. É o caso do Samsung Galax S4 Mini Dual Android 4.2 Cam 8 MP. Foi verificada que a média de preços da maioria dos estabelecimentos é de R$ 999,00. Porém, foi encontrado o produto com preços de até R$ 1.099,00, ou seja, uma variação de 10,01%. Isto pode significar uma economia ou prejuízo no bolso do consumidor, de até R$ 100,00.

Ao se tratar de perfumes importados, as variações podem chegar até 35,34%. É o caso do perfume feminino Paco Rabany – Lady Milion de 50 ml, onde o menor preço encontrado foi de R$ 249,00 e o maior chegando a custar até R$ 337,00. Para o perfume masculino Armani Code eau de toilet de 30 ml, os preços oscilaram entre R$ 221,70 e R$ 255,00, uma variação de 15,02%.

Já para as tradicionais cestas, tamanho pequena, os preços variaram entre R$ 80,00 e R$ 110,00, variação de 37,50%. Com relação a este tipo de produto, mesmo sendo cesta do mesmo tamanho, o consumidor deve se atentar não somente ao preço, mas a quantidade e a qualidade dos produtos que podem variar bastante. Com variação de 50,00%, um vaso de Begônia pode custar entre R$ 40,00 e 60,00. Já um buquê de rosas com 12 unidades pode variar entre R$ 70,00 e 80,00. Ou seja, 14,29% de variação.

Controle o orçamento doméstico! 

Não seria nada agradável comprometer excessivamente o orçamento na compra do presente e nas próximas datas comemorativas como dia dos pais e até mesmo o Natal, não poder ter a comemoração que a data sugere.Por isso, a velha dica de sempre é adquirir um produto de pequeno valor, podendo pagar a vista e ainda, avaliar a possibilidade de conseguir algum desconto. Portanto é interessante sair às compras já com a definição de que presente pretende comprar e, principalmente, quanto poderá gastar. A pesquisa do Procon Goiás pode dar uma noção dos preços médios que estão sendo praticado pelo comércio em geral.

Contudo, após avaliar que a compra do produto, além de presentear a pessoa amada será uma necessidade e não apenas um desejo, é necessário tomar alguns cuidados como por exemplo evitar parcelamento a longos prazos pois imprevistos podem ocorrer e os encargos de atraso no pagamento pode chegar a 15% ao mês. Não atentar apenas para o valor da parcela se, naquele momento, ela cabe no bolso. É necessário porém verificar o valor a vista e montante final que será pago, quais as taxas de juros que serão cobrados no parcelamento e, principalmente, quais as outras despesas que incidirão sobre o valor do bem financiado.

SAIBA MAIS

Camisetas da seleção: troca de produtos por motivo de gosto fica a critério da loja

Para peças do vestuário, calçados, entre outros itens de vestuário, não há a previsão de troca por “motivo de gosto”. Portanto, veja sempre a possibilidade de troca com o vendedor, exigindo, em caso de aceite, o comprometimento por escrito com o prazo previsto para realizar a troca.

Eletrônicos: produto que não funciona

Sempre que possível, exija o teste do produto antes de realizar a compra. Não há previsão legal para troca imediata de produto com “defeito”. Caso o consumidor adquira um produto nestas condições, e dentro do prazo de garantia, este deverá ser encaminhado à assistência técnica para reparo no prazo de até 30 dias.

Pagamento com cheque ou cartão (débito/crédito): não há obrigatoriedade para aceitar tais formas de pagamento

Apesar disso, a regra é clara: o fornecedor não é obrigado a aceitar nenhuma destas formas de pagamento, portanto, caso aceite, não poderá haver restrições como, por exemplo, exigir tempo mínimo de abertura de conta corrente para aceitar o cheque, ou exigir valor mínimo para aceitação de cartão (débito ou crédito).

Não poderá, ainda, haver cobrança adicional para pagamento por meio de cartão de crédito, prática esta que deve ser denunciada ao Procon Goiás, por meio do Disque Denúncia, número 151 (para região metropolitana de Goiânia) ou 62 3201-7100 (demais localidades).