O Código de Defesa do Consumidor (CDC) pode ser aplicado em
favor de pessoa jurídica, se provada sua vulnerabilidade frente a outra empresa
com quem mantenha contrato de adesão. Esse é o entendimento do desembargador
Luiz Eduardo de Sousa que, em decisão monocrática, determinou
que a Redecard S.A. efetuasse o pagamento de pouco mais de R$ 68 mil à LJC
Supermercado Ltda Me. de Aparecida de Goiânia.
A decisão reformou parcialmente sentença do juízo da 3ª Vara
Cível da comarca que havia negado os pedidos do supermercado por entender que,
no caso, não se aplicava o CDC e que ele não havia juntado documentos que
provassem a entrega dos produtos. Ao analisar os autos, o desembargador
entendeu que havia provas suficientes de que as vendas foram realizadas e que o
comprador efetuou o pagamento à administradora do cartão de crédito.
Quanto à aplicação do CDC, Luiz Eduardo de Sousa explicou
que, em regra, os normativos do código não seriam aplicados ao caso, por se
tratar de pessoa jurídica. Isso porque a empresa não se enquadra como
destinatária final do produto. Porém, o magistrado destacou que a premissa tem
sido interpretada pela doutrina e jurisprudência de modo que, se for comprovada
a vulnerabilidade da empresa, impõe-se “sua equiparação à figura do consumidor,
imperando, assim, a aplicação do CDC”.
A Redecard argumentou que o repasse foi negado devido à
inobservância de procedimentos de segurança. No entanto, o magistrado entendeu
que o fato de o supermercado ter efetuado transações em valores superiores aos
de costume não caracteriza irregularidade na transação, “cabendo à administradora
interessada a apuração dos acontecimentos junto a seu cliente”.
LÍNGUA ESTRANGEIRA
O desembargador também considerou que a Redecard não trouxe a contraprova necessária. Ela argumentou que a maioria das transações foi com cartões dos Estados Unidos da América, “que seus titulares alegaram nunca ter comparecido ao estabelecimento dos autos”. O magistrado rejeitou os documentos apresentados pois eles estavam em língua estrangeira “e não foram traduzidos na forma do artigo 157 do Código de Processo Civil (CPC)”. Veja a decisão.
Fonte: Tribunal de Justiça de Goiás
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