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quinta-feira, 13 de março de 2014

A mulher empreendedora e as relações de consumo


No dia 8 de março  comemorou-se o Dia Internacional da Mulher. Nos últimos anos, essa data foi absorvida pelo “mundo do consumo” e passou a movimentar o mercado de flores, bombons, cosméticos, roupas e outros artigos que circundam o universo feminino, esvaziando um pouco o contexto que deu origem ao evento.
O final do século 19 e o início do 20 foi marcado por inúmeras lutas das mulheres por direitos.  As reivindicações femininas por melhores condições de trabalho, por uma vida mais digna, sociedades mais justas e igualitárias é antiga e contou com a força de muitas mulheres que, nos vários momentos da história da humanidade, resistiram ao machismo, à violência e à discriminação.
Graças a essas lutas, o cenário atual está bem diferente e o aumento da participação das mulheres na atividade econômica é um exemplo dessas conquistas. Elas ainda não são maioria entre os empresários brasileiros, mas o número de empreendedoras cresceu 21,4% no período de 10 anos, segundo o último Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas, elaborado pelo Sebrae em parceria com o Dieese.
Esse mesmo estudo apontou, também, características importantes do perfil feminino na condução dessas empresas, que podem interferir positivamente nas relações de consumo como, por exemplo, a afirmação que “as empreendedoras, geralmente, dão mais atenção aos clientes”.  O que nesse momento é apenas uma vantagem competitiva no mundo dos negócios pode, em pouco tempo, trazer a mudança tão esperada pelos consumidores brasileiros, considerando que a baixa qualidade do atendimento ao cliente lidera as reclamações nos órgãos de defesa do consumidor.
Essa insatisfação foi ratificada pela pesquisa “Qualidade do Atendimento ao Consumidor no Brasil” realizada pela empresa eCRM123 e publicada em novembro de 2013. O resultado mostrou que a insatisfação dos consumidores com o pós venda é alta: 97% dos entrevistados tiveram experiências ruins e 86% não voltariam a contratar serviços ou realizar compras com a mesma empresa. Da mesma forma, 93% não indicariam a empresa/marca para amigos e familiares.
Segundo o consultor Financeiro Gaspar Oliveira, em artigo sobre o perfil da mulher empreendedora, “os especialistas são unânimes em concordar que as características da gestão feminina devem ser aplicadas como vantagem no mundo empresarial.” Nesse contexto, os consumidores ficam torcendo para que essa sensibilidade e a maior facilidade de interação com os clientes, identificadas nas empreendedoras sejam absorvidas pelo mundo empresarial, em geral, tornando a relação entre os fornecedores e consumidores mais equilibradas.
Colecionamos muitas vitórias ao longo desses anos, tanto na luta pelo direito feminino quanto no direito do consumidor, mas ainda há muito para ser modificado nessas duas histórias.

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